Em 20 de novembro é celebrado nacionalmente o Dia da Consciência Negra. Para marcar a data, a Universidade Estadual de Goiás (UEG) traz uma matéria com a pauta da instituição das cotas no âmbito da Universidade, os desafios a serem superados e os eventos realizados durante o mês de novembro nos câmpus.
Para a professora Júlia Bueno de Morais Silva, do curso de História do Câmpus de Ciências Sócio-Econômicas e Humanas da UEG (CCSEH), o dia 20 de novembro é dia de luta. “Neste dia, celebramos a resistência, a luta dos negros que vieram para o Brasil na condição de escravos e que, após abolição em 1888, passaram a enfrentar todos os tipos de opressão”, explicou a docente.
Papel da Universidade
Neste contexto, a Universidade tem um papel fundamental como espaço de atenuação das consequências da escravidão e da pós-escravidão, denotou Júlia, que acredita que a adesão à política de cotas é apenas o começo da atuação que o ambiente acadêmico pode exercer sobre a questão negra no Brasil.
De acordo com a professora, existem vários fatores que devem ser levados em conta sobre a política de cotas, pois o jovem que entra na Universidade por meio de cotas está inserido em uma realidade de baixa condição econômica. “Mesmo tendo a vaga, esses alunos têm a dificuldade de permanecer na Universidade por questões financeiras. Precisam de transporte, material, alimentação, entre outras necessidades”, afirmou. Para Júlia, a instituição que adere à política de cotas precisa estar ciente de que os alunos cotistas necessitam de auxílios para que possam permanecer na universidade.
Diversidade
Na experiência do assistente social Júlio César dos Santos, da Coordenação de Direitos Humanos e Diversidade da UEG, ele consegue perceber as contribuições da Lei de Cotas dentro da Universidade, até pela presença de um público mais diversificado nos câmpus. “Creio que a naturalização da presença dos cotistas e o respeito às diferenças seja parte do processo de inclusão na UEG”, propôs.
Na UEG, a Lei de Cotas começou a ser colocada em prática em 2005. Júlio citou o trabalho do professor Waldemir Rosa, que tratou sobre a permanência da população negra no ensino superior. Utilizando a UEG como um de seus objetos de estudo, o professor Waldemir demonstrou que, após a implementação das cotas na UEG, o número de discentes autodeclarados negros aumentou, saindo de 15,76% antes da implementação das cotas para 65,43%, em 2006, mostrando que existe uma demanda que precisa ser atendida.
Reinventar a África
No dia 22 de novembro, o Câmpus Quirinópolis vai apresentar uma palestra no III Simpósio Internacional de História com o tema “Reinventar a África a partir do Lwgaso Ancestral: o Caso de Mbongi’a Ngindu (Escola de Ciências Políticas no Antigo Kongo)”. O palestrante é o professor e escritor Patrício Batsikama, natural de Makela ma Zômbo. Patrício Batsikama também será entrevistado no programa UEG Entrevista, da UEG TV. O Câmpus também está com o projeto de extensão “África em Nós”, que desenvolverá ações nas escolas de educação básica.
Consciência Negra
No dia 8 de novembro, o Câmpus Iporá realizou mais uma edição do evento Consciência Negra, coordenado pela professora Madalena Freitas, do curso de História. A XII edição do evento foi desenvolvida como parte do projeto de extensão “Cidadania, Diversidade e Cultura da Paz”. As ações são efetivadas em várias etapas, com a formação de grupos de estudos com acadêmicos e monitores e a realização de pequenos eventos nas escolas do município.
Neste ano, o fechamento do projeto foi realizado na Escola Estadual Odilon José de Oliveira com o evento “Um dia de homenagem à Consciência Negra”. Ocorreram diversas atividades, apresentações de teatro e danças africanas. Durante o mês de novembro, o Câmpus Iporá continua a celebração do Dia da Consciência Negra com palestras realizadas nas escolas da região.
Novembro Negro
Por meio de parceria com o Instituto Ubuntu, o Câmpus Ceres realizou, no dia 7 de novembro, uma palestra que tratou sobre preconceitos raciais, de gênero e físicos. O palestrante, professor Cleuton Nunes, contou sua história de vida, reviravolta e a superação.
Em Campos Belos, o dia 20 de novembro será marcado pelo I Seminário com a Comunidade Brejao. O tema será “Perspectiva, Expectativa e Interação” e contará com as participações do professor Rosolindo Neto, professora Fátima Takahashi e Rejane Tolentino de Deus.
Por uma Educação de Várias Cores
No Dia da Consciência Negra do Câmpus São Luís de Montes Belos será realizado um evento na Escola Municipal Cristiano Carlos Friaça. Na ocasião, ocorrerá um trabalho com as turmas de quarto e quinto anos. A iniciativa é do projeto de extensão “Por uma Educação de Várias Cores”. Outras atividades envolverão ações como a “Conhecendo os Heróis Negros do Brasil” e uma roda de capoeira. Este trabalho está sendo desenvolvido pelas professoras Marisleila Júlia da Silva, que é a Coordenadora do projeto e pelas professoras Eliana Leão do Amaral e Patrícia Macedo.
Combate ao racismo
Lorena Borges Silva, assessora de coordenação da Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis (PrE) da UEG foi homenageada, no dia 18 de novembro, pelas atividades realizadas em combate ao racismo em Anápolis. A Sessão Solene ocorreu na Câmara Municipal de Anápolis."Muito do que realizei foi com a união de uma Pró-Reitoria que caminha rumo às pautas das minorias", destacou Lorena.
(Anna Carolina Mendes|CeCom|UEG)